Cuidados Psicológicos e Câncer

homem_tristeQuais são os objetivos da psico-oncologia?
A psico-oncologia é uma área de interface entre a psicologia e a oncologia que tem por objetivo atender à ampla gama de aspectos psicossociais que envolve o câncer. Para tanto, estuda o impacto da doença no psíquico do paciente, de sua família e dos profissionais de saúde que o assistem, além do papel que as variáveis psicológicas possam ter no risco de câncer e na sobrevivênvia a ele.
O conhecimento produzido por meio das pesquisas em psico-oncologia visa melhorar a organização dos serviços de saúde em prol de um atendimento integral ao paciente (físico e psicológico).

Por que é imprescindível um acompanhamento psicológico durante as etapas da doença?

Nas últimas décadas o tratamento do câncer tem focalizado a cura da doença, mas pode assumir características de um tratamento paliativo de acordo com as especificidades de alguns tumores, localização, período diagnóstico e respostas individuais dos pacientes.
Contudo, o câncer ainda é um acontecimento abrupto na vida das pessoas. A partir do diagnóstico inicia-se um longo e árduo tratamento baseado, sobretudo, em procedimentos como: cirurgia, quimioterapia e radioterapia, que podem ser aplicados isoladamente ou em combinação. Os efeitos colaterais da medicação (queda dos cabelos, diarreia e vômito, dentre outros), as características invasivas de alguns procedimentos médicos, os estigmas e tabus que envolvem historicamente o adoecimento por câncer, ligados à ideia de morte, além da incerteza quanto ao sucesso das medidas terapêuticas, são fatores que passam a permear a existência do paciente.
Assim, sentimentos de fragilidade, vulnerabilidade, impotência diante da vida e a necessidade de atribuir um sentido para as ameaças e riscos experienciados que, em última instância, representam a percepção da possibilidade da própria morte trazida pela doença implicam uma demanda multi e interprofissional de especialidades em diversas áreas além do médico oncologista, tais como nutrição, serviço social, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia e psicologia.
O apoio psicológico ao paciente apresenta-se em diversas modalidades terapêuticas, como atendimento individual ou grupal ao próprio paciente e, também, a membros de sua família. Diante de tantas experiências novas e, por vezes, dolorosas física e psiquicamente, o objetivo da terapia psicológica é aliviar a ansiedade e os sintomas do paciente e seus familiares, sobretudo no período pós-diagnóstico, quando acontece o impacto pela revelação da doença. É importante que o paciente, junto ao seu terapeuta, sinta-se acolhido, aceito e respeitado em seu movimento existencial, com seu tempo e espaço próprios, tendo a oportunidade para falar livremente, expressando suas angústias e preocupações.

E as crianças? Por que devem ser acompanhadas durante o processo do câncer?
Para as crianças, além dos medos diante do tratamento e da própria morte, pode existir ainda a dificuldade de formular questões, nomear ou falar acerca de sentimentos novos e angustiantes desencadeados pelo adoecer.
O adoecimento por câncer frequentemente “destrói” o tranquilo mundo infantil e a rotina da criança é transformada, não raro, até mesmo a escolaridade é interrompida, ocasionando o afastamento da criança de seu “mundo” físico (casa, escola) e social (amigos, parentes). Nesse sentido, o apoio psicológico faz-se importante a fim de facilitar a expressão de dúvidas sobre questões médicas e etiológicas da doença, sobre especificidades do tratamento, sentimentos tais como medos, ansiedades e desejos.
O resgate da autonomia da criança sempre que possível e nos mínimos detalhes deve ser destacado, assim como a busca do contato com a escola da criança, seus colegas e conteúdos trabalhados. A frequência às classes hospitalares deve ser incentivada, como forma de mostrar à criança doente que, como todas as outras, ela tem um futuro no qual a escolaridade é fundamental para o sucesso.

Situações conflituosas no lar e passividade diante da vida podem desencadear o câncer?
Existem diversas linhas de pesquisa que buscam associar as emoções com o desenvolvimento e a progressão do câncer. Todavia, acredita-se que as emoções podem estar ligadas com o desenvolvimento do câncer no que contribuem para a baixa da eficiência do sistema imunológico dos indivíduos, deixando assim as “portas abertas” para o desenvolvimento da doença.

Qual deve ser o papel dos pais quanto ao filho com câncer?
Desde o período pré-diagnóstico a família é imersa em um contexto de crise e, aos poucos, vai desenvolvendo modos de lidar com o adoecimento do filho do ponto de vista prático (cuidador-acompanhante do filho doente, cuidador da casa e dos demais filhos, provedor financeiro) e emocional. Os familiares vão também aprendendo a se relacionar com a equipe de saúde, distinguindo as funções de cada profissional e os modos de ser de cada um. A família da criança doente de câncer é considerada unidade de cuidado pelos profissionais de saúde, pois é a fonte de estabilidade e segurança da criança.

O comportamento da criança quanto à sua doença é o mesmo de um adulto?
A natureza e o grau da doença, assim como o estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra, têm significação na compreensão e apropriação do adoecer. É importante que ela (criança) seja tratada com sinceridade e clareza diante do diagnóstico e procedimentos terapêuticos, para que se sinta respeitada e possa aceitar com menos resistências as exigências do tratamento.
Quando bem assistidas por uma equipe multidisciplinar, as crianças tendem a aprender a significar adequadamente seu adoecimento e a respeitar as necessidades de seu tratamento visando a cura. Os sentimentos emergentes de forma clara ou difusa pela criança, como medos, ansiedade, insegurança, dor, cansaço, dentre outros, devem ser respeitados pela equipe de saúde, que deve responder acolhendo a criança e apoiando-a, sempre que possível.

Como o psicólogo pode auxiliar a criança em passagens dolorosas do tratamento, como a punção de uma veia para quimioterapia?
O apoio psicológico deve se estender por todo o período de tratamento, a partir do diagnóstico da doença, estabelecendo-se um vínculo de confiança e respeito entre terapeuta e paciente.
Por ocasião de procedimentos específicos como citado acima, o apoio deve se dar principalmente através do esclarecimento sobre o procedimento a ser realizado, respeitando-se o nível de desenvolvimento intelectual da criança.
Pode-se utilizar diversas técnicas lúdicas para amenizar a ansiedade da criança, como simulação do procedimento em bonecos, desenhos, histórias, dependendo da linha terapêutica adotada.

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