A Dieta Primitiva

Vamos esclarecer, antes de tudo, a concepção errada, e amplamente difundida, de que o homem primitivo era um herbívoro, que desprezou todo tipo de carne em favor dos vegetais. Vegetarianos, normalmente, dizem que sua dieta é a mais natural e antiga conhecida pelo homem, no esforço para ganhar adeptos. Mas isso simplesmente não é verdade.
Na verdade, evidências arqueológicas mostram que as ferramentas mais antigas do homem eram empregadas, pelo menos em parte, para cortar carne. Em várias regiões, a dieta do homem primitivo era constituída quase que inteiramente de produtos animais. A atração contínua por carne demonstrada pelos macacos, nossos primos primatas, hoje em dia, também é um testamento das preferências dietéticas do homem antigo.
Há uma boa razão para tudo isso. Chama-se sobrevivência. Carne é, de longe, uma fonte superior de aminoácidos em relação aos vegetais. Também é rica em vitaminas A, E e complexo B. A vitamina B12, abundante em tal alimento, não é encontrada em produtos vegetais. Carne vermelha é rica em ferro de fácil absorção, diferentemente do ferro encontrado em várias fontes vegetais. Carnes vermelhas também são uma excelente fonte de potássio, zinco e magnésio.
A gordura, cujos benefícios iremos discutir no decorrer deste livro, também está prontamente disponível na carne, e não em plantas. Junto com várias outras vantagens, incluindo o fato de ser saborosa e adicionar agradável paladar à comida, a gordura é necessária à quebra adequada e o uso das vitaminas A, D, E e K no organismo.
Carne é, de fato, uma das substâncias mais nutritivas da Terra. E foi considerada de alta estima pelas civilizações através da História. Ela mesma teve grande papel em cerimônias religiosas. Nos primórdios da História, a carne era oferecida aos deuses por meio de "oferendas queimadas". E a Bíblia relata cerimônias com sacrifícios animais.
Assim, quando falamos em dietas "naturais" ou "primitivas", não estamos falando sobre os hábitos alimentares dos vegetarianos, mas sim dos adeptos da carne, que entenderam desde cedo sua importância na dieta diária. A dieta humana mais remota provavelmente consistia de carne, suplementada por acréscimos periódicos de carboidratos. Foi apenas com o desenvolvimento da agricultura, há meros 10.000 anos, que uma grande mudança foi vista.
Nos quase 50 milhões de anos da existência humana, o homem era basicamente carnívoro e vivia de carne animal. De forma bem básica, esta dieta tem uma forte semelhança com a Dieta Metabólica que estamos apresentando. Tudo o que nós fizemos foi pegar esta dieta primitiva e trazê-la para a era atual, fazendo o uso da moderna ciência para adaptá-la e aperfeiçoá-la à máxima saúde, fitness e desenvolvimento.
Em resposta a isso, algumas pessoas irão argumentar que as carnes domesticadas à disposição hoje são mais gordurosas do que as carnes selvagens consumidas pelos nossos ancestrais; e também mais gordurosas do que a carne dos animais selvagens de hoje em dia. Embora isso seja verdade, é apenas uma questão relativa. Na Dieta Metabólica, a quantidade de gordura é tão importante quanto a sua qualidade, uma vez que aumentamos a ingestão de gordura para mudar nosso metabolismo e assim fazer um uso construtivo do aumento da quantidade de gorduras poliinsaturadas, monoinsaturadas e saturadas, sem incorrer em nenhum dos efeitos potencialmente negativos.
O ponto relevante é que a carne não é inerentemente ruim. Nossos ancestrais se alimentaram de carne por milhares de anos. E nós somos geneticamente desenvolvidos para fazer o máximo uso de tudo isso que nos é oferecido. Também temos, em contrapartida, a capacidade de gerir e manusear vários tipos de alimentos vegetais. Afinal, nosso processo evolutivo nos levou a várias fases de dietas em que tanto a carne quanto os alimentos vegetais fizeram parte delas em diferentes proporções, em um processo contínuo entre os dois extremos: as dietas apenas contendo carne e aquelas apenas com vegetais.
Se olharmos para o quadro geral e considerarmos as várias fases da evolução humana, a lição a ser aprendida, ao discutirmos os padrões alimentares de nossos ancestrais, é que, em decorrência dos variados padrões alimentares, o homem experimentou um processo evolutivo variado. Como resultado deste processo, adquirimos a habilidade genética de utilizar gorduras, incluindo gordura corporal estocada, como principal fonte energética. Habilidade não totalmente aproveitada por aqueles que realizam as dietas atuais elevadas em carboidrato.